jul 13, 2021 Nenhum comentário em ‘Stone Heart’, curta-metragem brasileiro selecionado para o 49º Festival de Gramado, aborda polarização e individualismo coproduções
jan 29, 2016 Nenhum comentário em DIÁRIO DE PRODUÇÃO Contos do Amanhã, Sobre Cinema
DIÁRIO DE PRODUÇÃO –
Diária 22 – 27 de janeiro de 2016
Locação: Estúdio Naymar
Assim terminamos as gravações.
Com sorrisos, brindando o nome de todos os envolvidos. Um a um foram mencionados e ganharam um ‘viva’ \o/. Não esquecemos ninguém. Equipe, elenco, colaboradores… Todos que, de alguma maneira, ajudaram para que essa obra fosse realizada. Uma homenagem muito sincera a todos que colaboraram. Fico imensamente feliz e muito grato por ter juntado tanta gente legal, competente e com paciência para me aturar.
Obrigado mesmo, de coração! Vocês foram acima de tudo muito guerreiros!
Concluímos uma etapa que iniciou no dia 29 de novembro de 2014 com uma diária no colégio Julio de Castilhos e que se estendeu até 27 de janeiro de 2016 no estúdio Naymar, também em Porto Alegre. No cronograma inicial deveríamos ter concluído as gravações em janeiro de 2015, porém, em função de atrasos no recebimento dos recursos tivemos que adiar tudo. Tomamos essa decisão no meio do processo e o que parecia quase uma tragédia se mostrou uma ótima decisão. As cenas foram aprimoradas, algumas locações modificadas e os atores tiveram mais tempo para estudar seus personagens. No fim parece que tudo ocorreu no tempo certo.
Minha frustração inicial (pois pensava que nessa data já estaria com o filme em cartaz!!!) foi substituída por uma satisfação muito grande de ter realizado tudo o que tinha imaginado. Claro, ainda falta um longo processo (que é a pós-produção) e muito trabalho, terei com certeza muitos momentos de dúvidas e talvez de arrependimentos (por que não fiz assim ou assado?) mas isso faz parte. É parte do processo e do aprendizado.
Termino de gravar com muito mais experiência do que quando comecei e claro que o meu olhar crítico hoje será mais atento aos erros que cometi ao longo do processo. Mas o que posso dizer agora é que estou extremamente satisfeito com o trabalho até então. Vamos ver como ficará na tela depois da montagem, dos inúmeros tratamentos de cor, dos efeitos visuais, dos efeitos sonoros, da trilha e com os créditos surgindo no final. Até lá teremos uma longa estrada, mas posso dizer que já parto para essa etapa com um enorme sorriso no rosto. Vida longa ao Contos do Amanhã! Vida longa a todos vocês!
Pedro Marques
Conheci a Luini em 2011. A Dani Israel já a conhecia do Crav e a convidamos para trabalhar na produtora num projeto para a TV. A química foi imediata e o que era para ser 1 mês durou uns 3. Ela se envolveu em outros projetos, viajamos, gravamos e conversamos muito. Falávamos sobre cinema, arte, processos, histórias, trajetórias, projetos, futuro. Eu falava dos filmes que pretendia fazer e ela de forma tímida dava sinais de que queria dirigir também. Nessa época já contava com ela em todos os filmes. Tinha encontrado uma parceira definitiva. Tirei a sorte grande.
Completado o tempo de estada na Bac (como chamamos a Bactéria Filmes na intimidade) ela seguiria o seu rumo. Ela era muito grande para ficar parada num único lugar, a energia dela precisava transitar em diversos lugares, em vários projetos e tudo isso muito rápido. Sempre senti isso.
Nunca perdemos o contato e ao sair ficou a promessa de que ela retornaria para o Contos do Amanhã, o meu longa. Ela era o único nome certo na equipe desde sempre.
No dia em que ela apresentava o seu primeiro filme “E Resta Dúvida” na casa da Gisela Sparnember, já falávamos de novos projetos (era sempre assim com a Luini, projetos e mais projetos). E logo em seguida ela me convidou para montar o “Por Entre as Frestas”. Um projeto muito íntimo, sobre os bastidores, sobre a vivência dela nos bastidores. Ela só disse pra mim: “quero que tu monte”. Eu, sem questionar nem um segundo embarquei no projeto, só pedi pra ela tempo, algo muito valioso pra ela. Ela aceitou.
Ao longo de mais de um ano conversávamos sobre o filme. Era algo que nos mantinha em constante comunicação. Volta e meia ela surgia numa janela do gtalk dizendo: “não quero te pressionar, mas como está o nosso filme?”. Entre idas ao hospital, retornos pra casa e outros projetos, nossas agendas não se cruzavam. Até que estipulamos uma meta: Vamos terminar o filme para o Festival de Gramado de 2015, o lugar tão especial pra ela. Era lá que esse filme precisava ser apresentado, ser visto pela primeira vez. Não preciso dizer que ela estava muito feliz com a meta.
Depois de algumas conversas, e duas reuniões reagendadas, apresentei o primeiro corte. Lembrarei pra sempre daquele dia. Ela ao entrar no prédio me disse: “agora preciso andar com uma secretária me acompanhando” e sorriu. Era a mãe dela que vinha atrás. A Luini, meio fragilizada por fora mas muito firme por dentro, queria logo ver o filme. Fomos direto para a ilha e antes que eu falasse qualquer coisa (mania de querer explicar porque tirei isso ou aquilo do filme) ela me disse: “não te explica, quero ver o filme!”.
Dei play. Ela assistiu.
Sem pausas, sem interrupções.
Ao final, quando terminou me disse: “É isso! Era exatamente isso que eu queria! Tu conseguiu captar a ideia!” e em seguida completou “eu só não choro porque a vida me ensinou a ser forte e não mostrar minha fraqueza, mas é isso! “. Eu vi, no olhar dela a emoção. Naquele olhar meio tímido, meio misterioso e totalmente pragmático. Logo ela tirou a touca e disse: “agora sai a diretora e entra a produtora”. E começou a falar sobre o próximo passo para finalizarmos o filme. Marcamos de gravar a locução final. Seria num sábado a tarde.
Chegando o dia, ainda pela manhã, ela me liga avisando que a Naiara viria sozinha pois estava indo para o hospital, mas me informava que já tinha direcionado a Naiara e estava bem satisfeita com as prévias que tinha escutado da locução. Foi a última vez que falei com ela…
Só entendi que estava montando um filme sobre a Luini depois que o filme ficou pronto. E que curiosamente ela falava sobre si homenageando os outros. Homenageando os artistas, o fazer artístico.
Assistir ao filme no domingo, na tela grande do Palácio dos Festivais foi a realização completa da obra. Ali estava a Luini. Na voz, no olhar, no pensamento, em luz e sombra. Sua presença foi compartilhada com todos que estavam presentes e senti que ela abraçou a todos, encerrando as exibições do dia.
Foi mágico, incrível e inesquecível.
Levarei para sempre esse momento comigo e o aprendizado dela sobre tudo. Acredito que conversarei com ela ao longo da minha vida inteira, pensando e relembrando tudo o que falávamos.
Definitivamente, foi a Luini que me ensinou que um filme é para sempre.
Obrigado Lu!
APRENDER E SONHAR
Há quase 9 anos atrás, durante a gravação de um filme viral para a Zero Hora, estava eu brincando de criar nomes de produtoras (costumo fazer isso em sets) e surgiu Bactéria Filmes. Gostei do nome na hora. Achei sonoro e engraçado.
Oito anos depois estou aqui, com uma produtora que muitos projetos já realizou e que ainda tem muito para realizar.
Ao longo desses anos muita coisa aconteceu. Muitas noites sem dormir, muitos renders demorados, muitas campanhas de última hora. Muita correria e muita alegria também. Mas o que eu posso realmente afirmar, com um baita orgulho é que aprendemos muito nesses 08 anos.
Em cada trabalho, em cada projeto, nos dedicamos muito e para isso é preciso aprender, ouvir, prestar atenção, estudar. E isso não é sentimentalismo barato para parecer empenhado. Isso é algo que pode ser visto e sentido por qualquer pessoa que participa, seja cliente ou colaborador, de um projeto nosso. E digo nosso porque fazemos parte de tal forma que temos como parte da gente.
Precisamos nos dedicar profundamente, mergulhar em cada roteiro, cena, em cada plano, em cada corte, em cada efeito, para conseguir materializar a mensagem pretendida, a ideia a ser compartilhada em som e imagem. Buscamos sempre o melhor resultado, independente do tamanho do projeto, do tamanho do orçamento.
E por que isso?
Porque isso é o que nos move. Aprender constantemente sobre mundos novos, descobrir outras realidades e contar para as pessoas o que vimos. Realizar sonhos, ideias, emoções. Fazer parte dessa realização é o que transforma o nosso mundo e nos leva adiante.
Tem como não gostar?
Pedro Marques
ago 22, 2013 Nenhum comentário em O dia em que conheci o criador da TIME MACHINE! Sobre Cinema
Conhecer artistas que te inspiraram a fazer o que você faz é realmente iluminador.
Semana passada eu tive uma aula com Andrew Probert, o artista conceitual que desenhou o Delorean no filme De Volta para o Futuro. Foi numa MasterClass em São Paulo que o Animamundi promoveu. Eu fui para o evento especialmente para assistir a aula. Não sou de tietar. Daí não tirei foto com o cara, mas enfim, o que vale foi o que eu vi e aprendi. Eu aproveitei a aula. Tentei absorver tudo, cada instante. Cada segundo.
Andrew Probert, designer, ilustrador e concept artist que entre outras coisas foi o responsável pelo desenho final da máquina do tempo, em cima de um Delorean, no filme De Volta para o Futuro. O trabalho dele é simplesmente fantástico! E olha que poderíamos colocar o Delorean como um dos menores trabalhos dele (não menos importante, é claro).
Ele iniciou a carreira metendo a cara. Depois de descobrir que a equipe de efeitos especiais de Star Wars estava trabalhando numa série de TV, na época intitulada Star World (lá pelos idos de 1978), ele resolve ligar para um dos responsáveis pelos efeitos especiais e marca uma entrevista, dizendo ser do jornalzinho da faculdade. Só que o cara nem era do jornal, esse foi só o pretexto para se encontrar frente-a-frente com o cara e tentar uma vaga na equipe. E ele conseguiu. Assim iniciou sua carreira. A série se chamaria mais tarde, Galactica (quem é fã de Sci-Fi vai saber qual é, pra quem não é -> pergunte pro Deus Google, ele responde em menos de um segundo).
Ele trancou a faculdade, e foi trabalhar na série.
Inicialmente desenhou partes do figurino. Capacetes, roupas, armas. Depois, partes das naves espaciais. Sala de reuniões, salas de comando. Cada nave era projetada como se fosse ser construída em tamanho real. Cada pedaço estava ali para alguma função imaginária. Claro que não era um projeto de engenharia, e muitas tecnologias inventadas ali ou não existiam ainda ou talvez nunca existirão. Mas o importante é pensar que tudo ali criado tinha uma função, um objetivo.
Uma coisa me surpreendeu muito no trabalho dele: A quantidade. Muitos desenhos, muitas ideias. Ele relatou que em muitos momentos, desenhava a mais do que era pedido, para ter opções. Esse foi o caso do Delorean.
Ele foi chamado para fazer o storyboard do De Volta para o Futuro, mas desde o início disse para o produtor que queria desenhar o carro. Só que quem desenharia a máquina seria Ron Cobb, que tinha feito Star Wars, Indiana Jones (sim, esse pessoal não vive só do fututo), entre outros. Só que Ron Cobb, depois de ter terminado o desenho, entregou para os produtores e partiu para outra produção (a agenda do cara tava fervendo).
O pessoal curtiu, mas não estava 100%, tinham um início mais ou menos do projeto, faltava acabar. Com o pessoal meio insatisfeito, Andrew viu uma oportunidade de inserir suas ideias. Detalhe: enquanto desenhava o storyboard ele fez inúmeros Deloreans, umas 10 versões, pelo que eu pude contar. Ele apresentou algumas opções até chegarem no desenho final e que todos nós (fãs da série) lembramos. Uma curiosidade é que para a parte interna se manteve a versão de Ron Cobb. Isso porque Andrew desenhou uma versão mais alinhada, organizada. E quando os produtores viram (sim, ele falava mais com os produtores do que com o diretor) eles disseram que tava muito bonito e tal, mas que dificilmente seria construído daquela forma pelo Doc. Aqui mais uma ideia voltada ao realismo. Tinha que passar a ideia de que o próprio Emmet Brown havia construído a máquina do tempo. Assim ficou o desenho final dele com alguns toques de Ron.
Ao fim da parte sobre o Delorean, ele apresentou um storyboard animado de uma das versões finais para o filme, que foi cancelada depois do orçamento. Como na época a computação gráfica engatinhava (lembrem, o filme foi lançado em 1985) ficou muito caro para produzir a explosão nuclear. Nessa versão o Marty vai com o carro a toda velocidade de encontro com a explosão de uma bomba nuclear num campo de teste americano. A cena é mais dramática e meio punk até.. bonecos derretendo, árvores balançando. Enfim, algo parecido com o que foi feito em Terminator 2 na sequência da Sarah Connor vendo o filho brincar no playground. Confere aqui o story animado http://www.youtube.com/watch?v=6pzIPdkYd3g
Bom, depois de Back To The Future foi a vez de Star Trek. Ele trabalhou no filme com a primeira geração e depois na série de tv e filme da segunda geração. E foi o responsável pela nova Enterprise. Mas aqui, novamente um dado curioso. Ele estava trabalhando em cenários, roupas, etc. Mas desenhava inúmeras Enterprises nas horas ‘vagas’, e num certo momento um dos coordenadores viu um dos desenhos e levou para uma reunião. O desenho foi aprovado e Andrew recebeu essa notícia meio que sem saber que o desenho dele estava entre as opções. Alguns chamariam isso de sorte, eu prefiro acreditar que foi dedicação, perseverança e muito trabalho, que foi o que ele relatou e apresentou para a platéia da Masterclass.
Confesso que, antes da aula dele, conhecia muito pouco do seu trabalho. Conhecia o nome, tinha visto alguns desenhos, mas nada muito profundo. Até porque, a pouco tempo que você consegue acessar um material tão vasto sobre os bastidores de um filme. O dvd/bluray mal sai e você já tem um monte de extras na internet. Sites especializados. Séries completas de making-ofs, mostrando cada passo, cada detalhe. No caso de alguns filmes, antes mesmo de estrear você já sabe como foi feito determinada sequência, etc. Isso é muito recente. A 10, 15 anos para você saber quem fez o que em algum filme ou série de tv, ou você lia todos os créditos no final do filme, o que não ia ajudar muito, ou torcia para a revista SET investigar mais a fundo determinada produção (por sinal a SET não existe mais).
Ter uma aula com uma pessoa como essa, que fez parte de um filme que te inspirou muito a fazer o que você faz, realmente é iluminador. Ainda mais quando tu te identifica com os processos de criação e encontra similaridades, mesmo com a enorme diferença que é produzir um filme aqui em comparação a roliúde.
Até agora reverberam em minha mente, ensinamentos de Neville Page, na masterclass do ano passado, onde ele mostrou o processo de criação para Avatar, Prometeus, Super-8… Scott Spencer falando sobre a criação de monstros para o Hobbit, Senhor do Anéis, entre outros…
Bom, eu tentei contar aqui um pouco sobre a aula desse grande mestre, espero não ter errado nada ou trocado alguma informação. Qualquer coisa o próprio Andrew corrige ai nos comentários (no post do facebook).
Valeu Andrew por essa grande aula e na próxima vez talvez eu tiete um pouco e peça um autógrafo e tire uma foto (sou péssimo com isso).
Abraços!
(O design do carro Delorean foi iniciado pelo californiano Rob Cobb, mas Andrew (direita) foi responsável pelo detalhamento e finalização do projeto)
O TEMPO
Eu me arriscaria a dizer que tudo numa produção audiovisual depende do tempo. E não estou falando do clima… apesar desse também ser extremamente importante para algumas coisas.
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